Dos Escombros
(Para todos aqueles que sonham com a paz)
E do meio dos escombros ela surge
Como raio de sol ao nascer do dia,
Como a primeira nota da melodia
Que o mundo inteiro quer compor.
Como o primeiro verso da poesia,
O primeiro riso da alegria,
A primeira cena do autor.
Novamente, dos escombros ela surge.
Escombros de aviões suicidas,
Explodindo fronteiras inimigas:
Raça, credo, ideologia, moral.
De conquistas narradas em verso e prosa,
Do desabrochar radical da rosa,
Por duas vezes lançando seu perfume fatal.
Mais uma vez ela surge
Nas mãos dilaceradas por granadas.
Mãos nas lágrimas banhadas,
Que a tenra inocência chorou.
E ela vem acompanhada de morte,
Tentando, em vão, mudar a sorte
Das mãos que dos escombros a tirou.
E ela surge dos escombros
Nas canções, nas poesias,
Nos discursos, mas, silencia,
Pois não a querem ver.
Branca, não transparente.
Pequena, mas não ausente
Dos sonhos de quem quer crer.
Surge do meio dos escombros
E tremula, levando esperança,
Despertando o sonho na criança,
De que o mundo ainda é capaz
De ver, no outro, o criador.
E de trocar armas por amor.
Surge e vence, bandeira branca da Paz.