Encontrando as respostas
Por que? Por que? Por que?
Pergunto-me repetidamente em vão.
Por que me permiti tamanha insanidade?
Por que entreguei-me desenfreadamente?
Por que escolhi conscientemente
O caminho mais dolorido,
Cujo final eu sabia que seria infeliz?
Por que fui novamente capaz
De dedicar tanto sentimento
A quem nunca correspondeu?
Que deixou claro desde o início
A impossibilidade da expectativa?
Por que eu repeti os mesmos erros,
Tantas vezes dolorosamente cometidos,
Oferecendo além do que tenho,
Fazendo mais do que eu poderia,
Me dispondo sem nenhuma medida?
Estraguei tudo, desperdicei demasiado.
O pior é pensar que tudo aconteceu
Exatamente conforme eu já sabia.
Por isso é que não lhe culpo de nada,
Eu é que escolhi sofrer assim.
Porque quando a gente gosta de alguém,
Se apega às mais ínfimas probabilidades,
Ou mesmo a possibilidades inexistentes.
Simplesmente pelo crime de gostar.
Não posso reclamar,
Pois eu sabia como seria...
Sabia que estava proporcionando
A oportunidade de me fazer sofrer.
Sabia que estava entregando
O ouro ao bandido.
Sofrimento dobrado por saber
Que eu mesmo plantei a minha dor.
E como doeu...
Por que? Por que? Por que?
Continuando a perguntar sem parar,
Ouvi de quem realmente me ama:
“É porque você oferece sempre
O melhor de si, tudo que tem,
Dedica-se completamente.
Mas não pense que não vale a pena
Oferecer tanto sentimento.
Não pense que ninguém valha a pena.
Não deixe de ser quem você é.”
E calou fundo em meu coração.
Compreendi que cada um
Só consegue manifestar
O que de fato há em seu coração.
Pude então desatar o nó na garganta:
“Fiz o que fiz, não por você,
Mas pelo que eu sou,
Pelo que EU senti por você.
Aconteceu do jeito mesmo
Que tinha que acontecer.”
Continuei ouvindo a voz amiga:
“Se não tivesse vivido como viveu,
Indo até as últimas consequências,
Restaria sempre uma dúvida
Sobre como realmente teria sido
Se tivesse feito diferente.”
É por isso que, apesar da dor,
Pelo menos, não me arrependo.
Tive sim vontade de mudar,
Fazer tudo diferente daqui pra frente,
Dançar conforme a música.
Mas não!
Prefiro permanecer fiel
A mim mesmo
E às minhas convicções.
Prefiro continuar oferecendo
O que há de melhor em mim.
Por que sei que só assim
Encontrarei alguém
Que realmente mereça
E que me corresponda.
Os dias passaram silenciosos,
Sem ao menos uma resposta
De quem outrora tanto ansiei.
Conforme prometi a mim mesmo,
Fiz o que meu coração mandou:
Não resisti e telefonei.
Se continuasse sem respostas,
Pelo menos sentiria mais uma vez
Aquela voz amável, afável.
Então ouvi pela primeira vez:
“Você tem todas as qualidades
Que eu quero pra mim.
Adorei conhecê-lo.
O único problema
É que foi na hora errada.”
Um indescritível conforto
Permeou o meu coração.
Senti pela primeira vez
Que fui de fato importante,
Que o que vivemos
Foi sim significativo
Não apenas para mim.
Do começo ao fim,
Aconteceu como deveria.
Tudo teve a sua razão
E cada um, o seu papel.
Podemos seguir então
Cada qual o seu caminho,
Em uma nova direção.
(Catalão, 18/08/2010 22h43)