Roda da ressurreição
Roda da ressurreição
Sandra Ravanini
Descorada flor de mim; tamanho o lodo que me agride,
devora o espinho cravado em meu peito, sangra em floração
estancando a existência, gira a roda da ressurreição
ante a ofensa luzidia do não saber que me reside.
Afadigar a fonte desembocando a desfaçatez
na ilusão única e concreta, tão incômoda reticência...
qual este meu pensar contristado em tanta minudência
e desdém, sufocando a loucura na lúcida higidez.
Hífen meu, separando eu do fim súplice que ora encena
em um confuso drama no eterno retorno que paguei
em todo dia e toda noite de morte e vida que nem sei
se acordada sonhei girar numa roda mais serena.
Hoje a penumbra assim me olha e a mesma dúvida se mantém;
é porque a negridão se fez em mim, jazendo na fome
de um humilde sinal de Teu poder e de Teu São Nome;
tristonha confesso, ou não tenho deus, ou Deus que não me tem!
07/07/2007