PRANTO CHORADO
Todo o pranto chorado
Tem seu fundamento
São lágrimas doídas
De amores indiferentes
De amores insensíveis
De amores ausentes
De amores recusados
De amores vazios
De amores desvairados
De amores dominadores
De amores possessivos
De amores turbulentos
Por motivos descabidos
Que nos fazem toturados
Por nos fazerem mal amados
Por falta de carinho
Por falta de cuidados
Por falta de interesse
Por nos deixarem
Totalmente desgarrados
Desabrigados
Rejeitados
Injeitados
Desprezados
Machucados
Feridos
Com cicatrizes
De rancores
Guardados
De mágoas
Que ficaram
Tão profundas
Que não queremos
Amar mais ninguém
Pois ficamos traumatizados
E totalmente escaldados
De termos experimentado
O fundo do poço sem chão
Sem cordas para se segurar
E vivido no lúgubre e cinéreo
Mundo do olhar desbotado e alienado
Sem direção, sem rumo ou visão
Da depressão à demência total
Nos tornando mortos-vivos
Ou apenas sobreviventes
Porque o nosso corpo ainda vive
Mas nós já morremos por dentro
Faz muito tempo...