PRANTO CHORADO

Todo o pranto chorado

Tem seu fundamento

São lágrimas doídas

De amores indiferentes

De amores insensíveis

De amores ausentes

De amores recusados

De amores vazios

De amores desvairados

De amores dominadores

De amores possessivos

De amores turbulentos

Por motivos descabidos

Que nos fazem toturados

Por nos fazerem mal amados

Por falta de carinho

Por falta de cuidados

Por falta de interesse

Por nos deixarem

Totalmente desgarrados

Desabrigados

Rejeitados

Injeitados

Desprezados

Machucados

Feridos

Com cicatrizes

De rancores

Guardados

De mágoas

Que ficaram

Tão profundas

Que não queremos

Amar mais ninguém

Pois ficamos traumatizados

E totalmente escaldados

De termos experimentado

O fundo do poço sem chão

Sem cordas para se segurar

E vivido no lúgubre e cinéreo

Mundo do olhar desbotado e alienado

Sem direção, sem rumo ou visão

Da depressão à demência total

Nos tornando mortos-vivos

Ou apenas sobreviventes

Porque o nosso corpo ainda vive

Mas nós já morremos por dentro

Faz muito tempo...

Maysa Barbedo
Enviado por Maysa Barbedo em 20/09/2006
Reeditado em 30/09/2006
Código do texto: T244580
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