Regresso
Regresso
Sandra Ravanini
Perceber-me; eis o regresso dissolvendo
a fatigada confissão em hipnose,
qual o sumo tão faminto vai bebendo
da poção enodoada o rubro dessa osmose.
Avelhantado é o gargalo, esse rezador
rude e inconteste, sorrindo dos assédios,
embebido na espera úmida do louvor
de um ontem e o mesmo hoje sem remédio.
E me devora a noite de olhos abertos,
um céu funesto agonizando de amores
nupcias; é frio no escuro descoberto,
e eu, o ontem em regresso, vejo as gêmeas dores.
Perceber-me; rubro sumo agonizante,
devorando essa igualdade envelhecida;
faminta confissão, o orvalho dos errantes
bebendo do gargalo a prece suicida.
12/01/2009