Ainda ontem

Ainda ontem

Caminhava

Pela Paulista

Sempre a Paulista

Quando o pé dágua

Desabou

E olha que eu estava

Na Paulista

Quando a chuva me pegou

Choveu, choveu que doía.

Gente correndo

Transito, confusão.

Faróis, buzinas.

Guarda-chuvas armados

Armas de atacar cabeças

Olhos e óculos

Espetados para o ar

Contorcendo-se na mão

Virando ao contrário

E a chuva caindo

Brasileiro é egoísta

Nem embaixo da marquise

Ele fecha o guarda chuva

E resolve sempre passar

Embaixo da marquise

Molhando quem esta debaixo

Das marquises esperando

A chuva passar

E a chuva não passa

A chuva não para

Ainda bem que cheguei

A escadaria que é também

Cartão postal da Avenida

E de São Paulo, estou em casa.

Estou no trabalho e a chuva

Continua mais forte ainda

Ainda bem que eu cheguei

ABittar

poetadosgrilos