"A ROUPA NOVA DO REI"
“A ROUPA NOVA DO REI”
Ave, Século das Luzes!
Século da felicidade pré-fabricada
e da solidão mascarada.
Ave, Século da Hipocrisia!
Século da espiritualidade sedenta
- Obra de Arte corrompida -
Ave, Século do Apocalipse!
Século do materialismo endeusado
e da Fé ridicularizada.
( O rei desfilava garbosamente
exibindo sua “roupa nova”)
Ave, Século da Ilusão bem-amada!
Palco de uma inteligência estranha
Império dos sentidos aviltados
- retorno ao homem primitivo -
( O rei desfilava tranqüilamente
com sua “roupa invisível”
Que os tolos e os néscios não poderiam ver)
Ave, Século da Razão contaminada!
Século enfermo, infeliz.
Tua “arte” – Hipocrisia – é tão sutil, dizes, que
Somente a inteligência superior
Pode encontrá-la e reconhecê-la.
Para ti – Ser empobrecido – tolo é quem não a vê.
E a nova Era que ofereces, avança
Sem precauções, sem limites.
Perdeste a razão, perdeste o senso.
Aviltas os seres, e eles te aplaudem.
( O rei desfilava, e o povo aplaudia
- com receio de ser considerado tolo.
Se não vissem a “Roupa”, inteligência não teriam.
E como riam, os espertos enriquecidos!)
Ave, Século da Sensualidade!
Século da Loucura e de Cegueira.
- Obra de Arte mutilada -
A “Arte” está de roupa nova
( tu não vês? )
Se não consentes, és ignorante
retrógrado
falso puritano.
( O rei estremeceu. Uma voz infantil ressoou
Alardeando a sua nudez.
A inocência e a sinceridade daquela voz
Desmascarou-os a todos.
E o povo ergueu o seu protesto
- afinal, não era tolo -
Se a criança dizia que o rei estava nu
Esta era a verdade!. )
Vós, que aplaudis a Hipocrisia
E dela fazeis o vosso estandarte,
Olhai bem: ou estais cegos, ou tendes receio
De serdes considerados tolos.
Ave, Hipocrisia!
Aproveita o pouco tempo que te foi dado
Pois que, já se aproxima do fim.
Um novo mundo renascerá das tuas cinzas.
Este mesmo mundo que caminha
Paralelamente contigo
E que ignoras e ridicularizas.
O Ser que sobreviverá evolui contigo, mas
Na direção oposta desta que escolheste.
Evolui na Espiritualidade e no aperfeiçoamento
Do Verdadeiro e do Eterno.
Tu – Hipocrisia – com tua esperteza
E com teus falsos poderes
Enriqueces facilmente e pensas que o mundo já é teu.
O Futuro virá, sim, mas não para ti.
Aproveita o pouco tempo que te foi dado.
( O rei perdeu o seu brilho e o seu orgulho.
- então, realmente estava nu, fôra enganado -
Humilhado, envergonhado, correu a se esconder.
No povo, a admiração morreu.
E como riam, os espertos enriquecidos.)
Ave, Século da Reconstrução.
Não batalhais em vão pela Paz que procurais.
A Obra de Arte do Criador será novamente restaurada.
Saleti Hartmann