Madrigal para a mulher desconhecida.

Mulher desconhecida,

Ainda que sejam em pedaços,

Meus sonhos podem ser reconstruídos

Com o concreto dourado do teu amor.

Se tu quiseres, mulher desconhecida...

Se te parece que os meus olhos

Estão envoltos em névoas de descrença,

Tu podes fazê-los brilhar, resplandecer,

Com o reflexo dourado de um insuspeitado novo encanto.

Quando tu quiseres, mulher desconhecida...

Se as minhas mãos

Te parecem frias, indiferentes,

Um gesto teu pode vivificá-las

E já suaves, já ternamente,

Podem se entrelaçar com as tuas

Por toda mais uma nova vida.

Sempre que tu quiseres, mulher desconhecida...

E quando tu vieres, mulher desconhecida,

Escuta o meu coração,

Que durante um tempo chamado muito tempo,

Bateu desritmado e sôfrego

Entre corações que não o puderam ouvir!...

Escuta-o!... Pois ele pode,já revivido

E, mais uma vez ainda, irrefletido

(Pois amar é jamais ter bom senso!...),

Bater mais forte, como a sacar do peito,

Por causa das minhas veias impacientes

Onde o sangue vai se atropelar de novo,

Anunciando a chegada do doce desassossego...

Que chegará contigo, mulher desconhecida!...

Copyrigh© 1994 by Antonio Maria Santiago Cabral

São Luís -MA, 15/12/1994

Santiago Cabral
Enviado por Santiago Cabral em 19/09/2006
Reeditado em 26/05/2014
Código do texto: T244337
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