Roda Viva

Roda Viva

Angélica T. Almstadter

18-01-05

Até quando me calo;

Rôo até o talo,

Me abeiro dos limites,

Quando me sinto por inteira,

Mensageira tanto quanto passageira,

Nesse gozo de ventura,

Sem cura.

Me demito e me permito,

No silêncio que me crucifica.

Conheço meu delito,

Quanto mais em mim se intensifica.

Sinto o cheiro da carne crua,

Derramo lágrimas impiedosas,

Me banho de leite e pétalas de rosas;

Porque não me acho na rua,

Me guardo macia e sedosa,

No leito, que me espera nua.

Capricho ou desatino,

É essa porta do acaso, escancarada,

Rindo, como a boca desdentada

De um menino, franzino,

Sem entender se chora ou se ri,

Por decifrar a charada,

De um sonho solitário,

Que há muito eu previ;

Nos papéis e rabiscos de uma cabala.

Loucos são os sãos,

Que não se equilibram nessa bamba corda,

Sabendo ter aos pés um precipício,

Armados se põe na defensiva,

Fugindo do fogo da forja;

Que pelo espanto de suas mãos,

Traçam o armistício,

Nesse imenso hospício;

Que do viver é a roda viva...

Angélica Teresa Faiz Almstadter
Enviado por Angélica Teresa Faiz Almstadter em 26/01/2005
Código do texto: T2441
Classificação de conteúdo: seguro
Copyright © 2005. Todos os direitos reservados.
Você não pode copiar, exibir, distribuir, executar, criar obras derivadas nem fazer uso comercial desta obra sem a devida permissão do autor.