EU SOU
Eu sou um barco perdido nas noites frias,
Um gemido que os cantos do céu não ouviram,
Sou aquelas murchas flores dentro dos dias,
Sou a beleza de todas elas que cairam.
Sou o pássaro da asa quebrada.Não mais voa.
Sou a estampa de uma tatuagem desbotada,
Um sedento pedinte a beira de uma suja lagoa.
Sou a lágrima de uma viúva desconsolada,
Sou o eco dos ventos soprando no telhado;
O voo da mariposa que almeja chegar a luz.
Sou o pátio vazio, sem flores, sem o gramado,
Uma alma apática carregando a sua cruz.
DIONÉA FRAGOSO