Divagações ao Beber Água
Absorto, observo o copo translúcido.
O fluído que contém repousa sereno,
insípido, inodoro e incolor.
Surpreendo-me imaginando a origem do líquido.
Seria proveniente duma geleira dos confins polares?
Ou teria evaporado do Amazonas?
Ou pior, de um riacho fétido qualquer?
Teriam deslizado aquelas moléculas pelas generosas curvas duma atriz?
Ou, quem sabe, pelo corpo nu duma meretriz?
São divagações insolúveis,
inconseqüentes, perigosas, penso comigo.
Melhor é beber a água,
e aplacar de vez minha sede.