ÉBANO

Na primeira vista águas cristalinas

Terra infinda em sua dureza

Lauto berço natural em seu seio

Entre lágrimas na sua exploração

Farta e ávida em sua erudição

Mãe de muitas Pátrias

Subjugadas como párias

Da mão afável de muitas danças

As gordas tetas das amas-secas

Parida para ser mais que chão

Tragédias, fetiches ou maldição,

Desta voz o canto em jazz

O choro do blues em cada toque

Palma que bate o atabaque

Cozinha, mandingas ou perdição,

Tua cor de madeira de lei

Brinco, o colar, esse Nilo e o rei,

Tirante das amarras e dos grilhões

A força da tua própria natureza

Entre os baixos, o mar e as savanas,

Teus cumes apontam em todas as direções

Cada caminho que a paz espera

O toque de tuas trombetas

Afinam olhares e bocas sedentas

De todas as mães és África primeira

No cosmo que brilha tua grandeza

Podes tirar o rosto do chão

Que o passo que bate por toda a terra

Do ébano o tom que maravilha

Enquanto a voz entoa um breve estribilho!

Peixão89

Peixão
Enviado por Peixão em 19/09/2006
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