Quando a cidade dorme
A cidade dorme em lenta canção. . .
Parece que o tempo voa,
Parece que a cidade não tem coração;
Porque quando a cidade dorme parece tudo mais
Seguro; toda possibilidade diminui,
Mas ainda na cidade tudo é possível.
Não se ouve facilmente ronco de motores:
Nem vozes rugindo como máquinas
Nem casas vendo televisão,
Nem rádios ligados. . .
Porque, quando a cidade dorme,
Tudo parece seguro.
As calçadas estão sujas e vazias
Tristemente esperando amanhecer,
A lua nua no céu pode livremente
Circular na cidade adormecida
Porque, quando a cidade dorme,
Tudo parece seguro.
As baratas e os ratos saem dos porões
E tomam as ruas da cidade que dorme. . .
E nem sempre a cidade dorme um bom sono,
Nem sempre a cidade cochila
Bem uma noite de sonhos.
Porque a cidade não tem coração.
E quando a cidade realmente dorme
Tudo que existe nas casas se parece seguro.
Mas tudo se move em torno da vida,
Se fazendo dia na cidade,
Se fazendo noite na cidade.
Assim o tempo passa na cidade tranqüila.