Qual a diferença entre um poeta e um artista?
http://www.nosrevista.com.br/2010/05/14/qual-a-diferenca-entre-um-poeta-e-um-artista/
Qual a diferença entre um poeta e um artista?
Poeta difere muito do artista.
Este faz beleza pra mente, pra vista,
também pros ouvidos, pro paladar.
Até a olfação ele faz perfumar.
O artista tem ânsia: criar o belo.
Ele sabe ter gérmen de um libelo,
porém desconhece se seus valores
terão sons, palavras, versos ou cores.
Assim, todo artista prenhe de ideias
arrebata mentes, povos, plateias:
ele irá parir uma obra pura
que pode sair em cores, pintura,
em forma de sons, de modos diversos,
com uns movimentos, em prosa, em versos,
com vozes, com formas, voos no espaço,
em notas, rabiscos ou simples traço.
O poeta não. Este é limitado.
Se esconde em fonemas e vive acuado.
Procura dizer verdades secretas,
se perde em firulas. Pobres poetas!
Hermeticamente, versos à esmo,
pretensiosamente, é sempre o mesmo:
palavras mescladas em trocadilho
sem graça, sem cor, sem nexo, sem brilho.
O poeta escreve belos poemas,
mistura palavras, diversos temas.
São textos herméticos, com mistério,
imagens sem nexo e sem critério,
muitos versos livres ali e aqui,
com rimas medrosas aqui e ali,
fonemas se soltam em coreografia
com dança de letras sem poesia.
Em atos políticos, em comícios,
bem poucos percebem seus artifícios.
Com certa soberba, com rei na barriga,
o poeta parece ser bom de briga,
esbanja arrogância e sem piedade
ele finge ter expressividade.
Parece um trator, marcha como um tanque,
invade os olhares, dão-lhe o palanque.
Seu leve pigarro chama a atenção.
Silêncio se impõe na multidão.
Como quem prepara mensagem forte,
ele se enrijece firme em seu porte,
ajeita os cabelos, ri para os lados,
lambe um pouco os beiços, lábios molhados,
leva as mãos ao ar, cênico recurso,
nos dando a impressão de que vem discurso.
A plateia cala, contemplativa,
esperando a fala eloquente e viva.
Prontos a viver momento de glória,
abrem-se os ouvidos à oratória.
Ele solta então, gaguejando um pouco,
a voz que tem som pouco grave e rouco,
e logo vomita cada palavra
de um poema chato de sua lavra.
Ele sempre acha, bem convencido,
que todo poema pode ser lido
aos gritos, em brados, falando em voz alta,
de modo empolado sobre a ribalta.
Para gritar poemas tem seus pretextos,
pois não se dá conta que existem textos
que só em leitura bem silenciosa
exalam beleza de paz preciosa.
Assim é o poeta: pretensioso,
aquele ar de besta, sempre pomposo.
E quando um artista escreve um poema
coloca o poeta nervoso em dilema.
O vate então grita estufando o peito:
-Somente os poetas têm o direito
de escrever poemas! Os artistas não!
Eu não admito essa intromissão!
(Maestro Jorge Antunes)
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OS ANIMAIS
Quando Deus fez o Universo,
Criou o Diabo e os Animais!...
Só pra ver o vil Progresso...
— Flux pecados capitais!
A Terra é um reformatório,
Onde matam os animais...
Muitos vivem em sanatórios...
— Por não serem musicais.
A Terra é um laboratório,
No meio do firmamento...
Muitos vão pro purgatório —,
Ó meu Deus, quanto jumento!
Paulo Costa