DESENCANTO

Quando se pensa em desencanto

Espera-se que o sonho esteja maquiado

Que o sol seja apagado

Ofuscado o brilho da lua

O desencanto não é nada que se saiba

Fora do ser

É o contraste entre a dor

Que abala a alma e o encanto de nascer

O desencanto sugere o pranto

Não quando se esfacela

Rosto abaixo, mas

Quando na secura da garganta morre

O desencanto esmorece o ser

Porque há uma rusga amarga

Entre as falas de dois e a mudez que vem depois

Desencanto não é só pela dádiva perdida

De um amor adormecido

É também uma estrada tolhida pelos

Atalhos da vida

Uma corrente amarrada em si mesma

Que impede a alegria que vem de dentro

Porque uma porta de fechou a meio termo

Há o respirar necessário à vida

Mas não há vida que se sustenta no dilema

Da luta esmorecida

Irami Gonçalves Fernandes Martins