Découpage

Aonde vai meu pensamento?

Perambulante entre formigas

Dou a Manuel o meu brincar infante

E num sonhar rodopiante tal qual passarinho

No céu de Mário vôo atrás do meu caminho

De Anjos, trago a fumaça flutuante

Do cigarro à poesia lúgubre de seus escarros

E de Pessoa, me torno ora vasta, ora distante

Num pensamento que corre lento e oscilante

Do pranto violento aos campos saltitante

Queimando os dias, vou, criando vidas, sou

Muito mais do que o nascer me permitiria ser

Não fosse o escrever... Pouco sairia de mim

Temendo deixar a existência

Manejo aspas e reticências ao fim

E assim, num ou noutro rabiscar

Um dia vai o meu pensar parar

No mesmo veio de onde veio

E para onde outros tantos vão

Na mesma nuvem de devaneios

Pois, nascemos do mesmo anseio

Bebemos do mesmo seio

E morremos no mesmo chão