Da Canção de Sonhos Adormecidos
Cante a canção que, ainda recordo,
Nas tardes calmas pai assobiava
De alguns versos hoje tão remotos
Quanto os sonhos que ela cantava
Como se de um sono tão profundo
Me despertasse e o sonho acabava
Demasiada a descrença no mundo
Essa canção já não cantava nada
Eis que hoje ouço uma nova canção
Que me soa como a mais calada
Fecho os olhos e, quase em devoção,
Choro pelos sonhos que pai plantava
Quantos dos meus ainda sonham como
Eu sonho e me encontro perdido no nada?
Pois que cantemos, despertos do sono,
Como meu pai, em seu tempo, cantava!