O CASARÃO

Num antigo quarteirão da cidade,
havia um belo prédio de dois andares
e um grande porão.
Era cercado de jardins floridos e bem cuidados;
às vezes, eu parava em frente ao seu majestoso
portão.
Ficava alí a imaginar quanta coisa bonita
e rica haveria lá dentro, pois rica também
deveria ser toda a sua decoração!
Impaciente e curiosa, eu indagava
com os meus "botôes":

"Será que as pessoas que aí vivem,
são felizes? " - Eu nunca ouvira vozes, nem risos,
nem qualquer outra animação!
Talvez, quem sabe, essa família tão poderosa,
o reservava, apenas, como lembrança
de uma antiga tradição?"
E todos os dias eu passava por alí,
sonhando em visitar um dia esse objeto
da minha admiração!...

Mas, desolada,
só via o jardineiro
cuidando do jardim,
regando as flores, limpando o pátio
e fechando o cadeado do portão!
Intrigada, eu rondava a calçada, para ver
se divisava algum rosto, alguma fala,
mas, alí, somente havia solidão!
Muitos meses se passaram, anos até,
sem que eu voltasse a ver esse curioso
objeto da minha admiração.
Um dia, por acaso, encontrei-me novamente
nessa mesma calçada, mas tamanha foi a
minha surpresa acompanhada de uma
triste decepção!
É que naquele lugar,
onde outrora reinara a beleza e a tradição,
nada mais havia, nem siquer um sinal
do meu, já, saudoso casarão!
Hoje, quem por ali passar, talvez admire
aquele monumental, pardacento, altivo
e dominador, mas barulhento e conflitivo,
o gigantesco espigão!
Victoria Magna
Enviado por Victoria Magna em 13/06/2005
Reeditado em 02/04/2007
Código do texto: T24302