Direi de mim...

Direi de mim...

Sandra Ravanini

Direi de mim, o sono condenado,

arrastando a ilusão da rua em atrito,

fantasiada de breu, de prego e rito,

fugindo desse hoje enferrujado.

Reconhecer nos muros a solidão,

o retrato duro do meu cimento,

soltando o betume, o vício e o lamento

na crente euforia da opaca multidão.

Direi de mim, muro, vício e piedade,

sono e cegueira, retrato e outro talvez,

olhando às flores, à rua onde era uma vez...

iludi o hoje de felicidade.

Olhando a multidão, o betume e a euforia,

direi de mim, pregando outro retrato

descrente de talvez, o vício opaco,

murando as flores, fantasiando a alegria.

25/07/2010

www.sandraravanini.com