Direi da dor...

Direi da dor...

Sandra Ravanini

Direi da dor, essa seita que me ganha,

a repetição dos fatos que assinalo,

esse cotidiano hálito que inalo

colhendo as maldições, oh! pobre façanha.

Direi do tempo que termina se abraça

o sentimento da garganta adoecida,

soprando às horas esse vento suicida,

ressecando a esperança da fala escassa.

Direi das mãos pedindo à velha mortalha,

executar o frio adeus ao cio do eterno

canto de sal, melodia do ido hesterno

que se calará diante a luz da navalha.

Direi da dor, dos tempos e das velhas mãos,

pontuando os fatos dessa pobre colheita,

direi da garganta fria calando a seita,

direi do canto do sal finando a acridão.

23/07/2010

www.sandraravanini.com