Camaleão

Camaleão inquieto, porte mutante
Despista o concreto de gesto inconstante
Buscando o seu contraditório adapta-se amiúde
Beleza selvagem de bicho, contínua amplitude

Camaleão de olhos verdes tempestade de cor
Me inebrio neste verde onde sua íris esconde dor
Mas camaleão elege sua mascara e nos presenteia com seu mantra
Baila consigo mesmo, baila com seus sonhos, nos encanta e canta

Besta-fera, é a bela e a fera, o coração humano
Do silencio faz zoeira, inocência em profano
Tem abraço estreito, aberto o peito, ombro de irmão
Reinventa melodia, faz música, borda poesia, canta samba em alemão

Camaleão me arrebata, enlaça e depois se vai
Moleque travesso, faz do errado o avesso, logo diz: - Don’t cry
Amigo, amante errante, disfarça sua dor, que é a dor dela
Ama os cavalos! Faz de coisa mais simples como coisa mais bela

Camaleão é pássaro, fênix ferida
Nasceu pra ser livre dentro da sua loucura
Hei de esperar-te sempre, sempre com ternura
Criatura de si mesmo, nesta infindável aventura.

Dedicado ao querido amigo Gerson de Veras e a todos loucos artistas camaleônicos...