Tentafeita

Glória

Que glória há

Ao nato bebedor de água?

Que glória há

Ao de todos mistérios ciente

Que glória ao toupeira leal e duro?

Ternura

Que ternura há

Ao conspirador reincidente?

Que ternura há

Ao camponesito de bons gostos

Que ternura ao bravo sindicante em suas sandálias?

O sol doutra vida

Resplandecia ainda oculto

Irascível futuro pardacento

De folias anciãs.

Responderia diferente

Cego e incorruptível

Ao apelo final

Abrir-se-ia.

Contornaria eixos

Alongando omoplatas

Tornaria-se a própria música

A paixão autônoma suprema

Da arte mais nua

Do palco na lua.