Sem sonetos, amor
I
Querias cantar o teu amor, hoje hábito
De dizer sim, palavra cega, lúdica
Na boca de quem, só, espera ao frio
Sem abraços que corre noite adentro
Sem o teu apelo o vício nesse amor
É tão-só a casa úmida, frio outono,
O vinho envelhecido sempre nas vinhas,
Sem fragas, tuas asas a voar.
Quiseste neste sim colher um fruto
Que nasce da semente cultivada
Na terra fértil, solo de raízes,
Mas que voz se erguerá para cantar,
Em trovas, esse medo vacilante
De responder amor, minha morada?