Massa de Pão
Eu queria comer do pão
Que o próprio diabo amassou
Sovado com suor e lágrimas
Queria provar da massa
Nascida da necessidade
Do amor que se colhe na carestia de tudo
De trigo e de afeto
E pensar, quem sabe
Nesse mistério
Eu talvez enxergasse o próprio Deus
Naqueles olhos fundos e tristes
Famintos de esperança
Um mundo artesanal
Difícil,
Transbordante de sgestos e ritos
Da massa respingada no chão
Mas o pobre diabo se foi
E hoje só vejo máquinas que misturam padrões
A sua história perdida
Na nossa apressada insensatez