De regresso ao mar (IV)
De regresso ao mar encontrei finalmente esse mistério
desde sempre escondido, julgado desaparecido
numa imensidão da água, sal, seres vivos
desconhecidos muitos jamais iluminados,
como se este mergulho sem fim à vista
parasse a respiração, avivasse toda a sensibilidade do ser
numa viagem até Atlântida descobrindo seus tesouros,
barcos afundados, marinheiros afogados,
terríveis piratas em sossego profundo entre altivas algas descoloridas,
criaturas estranhas quais figuras mitológicas na rocha esculpida,
belas sereias deslizando suavemente iluminadas,
baleias vagarosas procurando, amando,
uma nova ilusão nesse sonho incompleto, infindável,
onde tudo é demasiado simples, como o arrepio dessa emoção sentida,
essa gostosa paixão
transformada em amor pela vida
num simples bater de asas de uma gaivota
observando lá bem do alto, como um farol,
este marinheiro de regresso ao mar
no regresso a si.