O CIO.

Estória de um homem solitário,

Que vivia em seu laptop a escrever,

E ler mensagens de amor,

Dizia sempre: Oi...,

Sem ter resposta lia outros textos,

Emocionava-se,

Sentia saudades e:

- Oi...,

Nada respondia seu clamor,

- Oi...,

Nada,

Então resolveu telefonar,

- "O número que você ligou,

Encontra-se fora da área de cobertura,

Ou desligado".

Continua o nada,

O sufoco, abandono, desamor.

Tudo isso lhe causava náuseas,

Mal estar estomacal, má digestão.

Aí lhe veio uma idéia genial;

Que tal viver,

Que tal não pensar em nada,

Apenas viver,

Mas, viver intensamente,

Sair, ir a festas, teatros, cinemas,

Eventos eclesiásticos,

Lugares com grande concentração de pessoas,

Poderia ser que ali conhecesse alguem,

Alguma pessoa para lhe tirar aquele tédio,

Aquela vida sem graça,

Sem nada, sem amor.

E assim se fez,

Foi... participou de tudo que podia,

Usou as melhores vestimentas que tinha,

Os melhores perfumes,

Cremes para o cabelo,

Shampoos oleosos para a pele.

Era vaidoso, cuidava da beleza...pequena, exterior,

Pois a interior era imensa, descomunal, bela.

Mas... nada,

Ninguem ao menos lhe olhava,

Ninguem parava a seu lado para ouvir seus clamores,

Seus intentos, lamentos, seus sonhos.

E aí...,

- Oi...,

- Kd vc...,

- Onde estás que não respondes... .

Nada... apenas o barulho,

De seus dedos tocando as teclas do Pal-m-top,

Apenas a saudade das conversas...fiadas, desafinadas,

Mal amadas,

Do vazio,

E o cio...,

Da terra.

Por: Jaymeofilho.

09/08/2010.