FIOS DE SEDA

nas corrientes correntes

estremeço e vacilo

dias de calda amarela e puída

teu Sol de menosprezo

e estrela guia

acompanha-me horizonte

vadio e aberto

é mesmo esse ocaso

sem fronteiras e barreiras

o tempo desnutrido e arrogante

com seus meios tons alucinados

de marchas e feitos

escolhas arremedos prontuários

para um longo caminho

que nenhum humano suporta

em seus curtos dias regados

de temor e esperança

o espectro do concreto

matriz subjetivo objetivo

nutritivo nauseante

sufocando almas róseas

e louras nos seus trilhos

de fios de seda e angústia

quantos – bem nascidos –

tolheram-se e apagaram

sua estrela em flor

por entre poemas e sustenidos ?

nem o bem pensante

ou o suave andante

a dor da alma ferida

em sua sapiência menina

de alegria e simplicidade

não se cumpre para

nenhuma e justificada integridade

apenas, e sempre, para o momento

e em conseqüência, a eternidade

se abre e talvez, só por isso, desdobra-se

enquanto avança a corrupta estória

de entes e fatos

para além e despregada de pulsão e núcleo

sentada espectadora

do canto do pássaro

da água regato no seio

floresta de seu desejo

e de um são três

Trindade de nexo e fundo

não somos a necessidade

sempre sopro e

desejo de liberdade.

Jandira Zanchi
Enviado por Jandira Zanchi em 07/08/2010
Código do texto: T2424806