ESTILHAÇOS
Juntar os estilhaços depois será um risco,
Sejamos mais velozes nessa hora de hoje.
O amanhã é um enigma e nosso poder
Não pode se transformar num eco absurdo.
espreitemos o silêncio do fruto maduro
Que quer ser deliciado antes que apodreça
Perante as nossas retinas petrificadas
Pela ação do tempo que não tem ré.
A hora é esta hora. Hora de vencermos
A nós mesmos, antes dos últimos instantes.
A vida precisa ser deleitada, seguida
Por uma ou outra e mais vidas úteis.
Há um labirinto em cada espraiar de uma ideia,
De um sorriso, de um tudo que se amplifica
Ou se apequena ante os olhares e os corações glaciais.
Dói-me as mais diversas estruturas,
Nervos de bronze e lágrimas inumanas.
Árvores plantadas nas nuvens...
As nuvens não são algodões, são nuvens.
Vejo raízes em teus pés. Horas
Sem intercâmbios com outras galáxias.
Juntar os estilhaços é preciso, em prol
Da recomposição original.
Dores virão, eu sei, mas urge caminhar...
Urge buscar incessantemente o que ao léu
Foi deixado em algum ponto da vereda
Seguida até aqui, buscar sempre, toda hora.
Hei de juntar os estilhaços, emendá-los
E quem sabe, ser feliz, outra vez!