HAVEREI DE COMPOR UM VERSO QUE FIRA

Haverei ainda de compor

Um verso que fira

E aprofunde o ferimento de tal sorte

Que tenha gosto de morte

E lágrimas de olhos in extremis

Haverei ainda de fazer uma estrofe

Que tenha uma voz

Dessas que retinem

E estilhaçam cristais

Um poema em chagas

Pingando sangue pela estrada

Haverei de fazer um verso grandiloquente

Um verso que queime teus lábios

De tão quente

Haverei de fazer um poema de tanta paixão

Quase doente

Que faça sofrer a toda gente

Então, abra a camisa

mostre o peito

que um verso atirarei

uma flecha tão ligeira

tão certeira

feito palavra de rei