De regresso ao mar (III)

Entrei mar adentro na madrugada clareada

por tímido sol em vagaroso acordar,

mergulhei então na espuma branca, espirais fortes

rapidamente

empurrado para o fundo

expelido para a superfície num vai vem constante,

suavemente,

bruscamente agora,

história de marés, marinheiros, piratas no fundo escuro

veleiros, barcaças, naus sem horizonte à vista,

protecção da mãe terra suplicada no meio de ondas gigantes arrasadoras

destruidoras,

naufrago na imensidão

do azul em reflexo brilhante levado por corrente desconhecida,

espantado em estar vivo, ainda respirar.

Nesta magia constante de mais um sonho

cortado abruptamente por noite de lua cheia,

uma gaivota curiosa pousada na madeira desfeita

navegava,

assustada.