Silêncio. Por favor.
Demorei a manhã inteira para compreender que tudo o que precisava é sair de dentro desta jaula chamada trabalho. Já ouvi gente dizer que o trabalho dignifica o homem, em plenitude vos digo que nenhum ser vivo gosta de verdade de trabalhar, os falsos por vezes vão dizer que foi o trabalho que dignifica o homem, que amam o que fazem e não sabem viver sem isso. Eu sei, e não consigo ser falso neste ponto, o trabalho é a grande perda de tempo do homem.
Nos resta porém os momentos de folga, os intervalos comerciais, onde podemos condicionar os desejos alheios em desejos de consumo, alimentando de adubo o bolso dos dominantes, fortalecendo o caixa da campanha da próxima eleição, abaixando a cabeça, fechando os olhos, abstendo a nossa parte, ignorando os fatos, fazendo vista grossa, calando opinião, espalhando mediocridade.
Sem ter tempo pra pensar, o intervalo acabou, temos que voltar para o batente, dor de dente, dedo na ferida, nariz escorrendo a vida que não conseguimos alcançar, passa pela janela lateral e o trem não me deixa parar pra pensar.
Chega.
É hora do intervalo.
Amanhã eu penso nisso ou me calo.