Na quinta da Ti Maria
Na quinta da Ti Maria
Ia um grande rebuliço,
O galo não deu o dia
porque a voz dera sumiço.
Ti Maria adormecera.
As vacas por ordenhar
E os ovos, que prometera
À vizinha, por levar.
Raio do galo chanfrado,
Mais parecia avestruz.
Encolhido, amedrontado
Pela faca que reluz.
“Agora é que vais de vela,
Com batata a acompanhar.
Para dentro da panela
Porque é tempo de estufar.”
Bem tentava o bico abrir
O galo para cantar,
Mas a voz soube fugir,
Não ficou para o jantar.