Na quinta da Ti Maria

Na quinta da Ti Maria

Ia um grande rebuliço,

O galo não deu o dia

porque a voz dera sumiço.

Ti Maria adormecera.

As vacas por ordenhar

E os ovos, que prometera

À vizinha, por levar.

Raio do galo chanfrado,

Mais parecia avestruz.

Encolhido, amedrontado

Pela faca que reluz.

“Agora é que vais de vela,

Com batata a acompanhar.

Para dentro da panela

Porque é tempo de estufar.”

Bem tentava o bico abrir

O galo para cantar,

Mas a voz soube fugir,

Não ficou para o jantar.

Xavier Zarco
Enviado por Xavier Zarco em 17/09/2006
Código do texto: T242190