Olhos vítreos

Meus olhos são impuros, pois provém da mistura

de elementos diáfanos, translúcidos, surreais,

talvez não impuros, talvez somente sejam

um par de olhos irreais.

Meus olhos são filhos do ar invernal,

ao mesclar-se com a superfície da água

pura, límpida, gélida, luzidia,

e desses dois com mil lágrimas diáfanas.

Não obstante, diamantes de fogo

teimaram, nesse feitiço, entrar,

tecendo, com desvelo, escassos fios de ouro

que quebram a tundra do meu olhar.

Estrelas de gelo, cometas errantes

perdidos na imensa e larga vastidão

dum Universo paralelo, criado por mim,

ou pelos caprichos do meu coração!

Assim são meus olhos;

como as calotas polares, ninguém irá adivinhar

que pulsa o sangue, explode o magma,

dentro do Vesúvio do meu olhar.

Isabela Escher
Enviado por Isabela Escher em 06/08/2010
Código do texto: T2421835
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