Olhos vítreos
Meus olhos são impuros, pois provém da mistura
de elementos diáfanos, translúcidos, surreais,
talvez não impuros, talvez somente sejam
um par de olhos irreais.
Meus olhos são filhos do ar invernal,
ao mesclar-se com a superfície da água
pura, límpida, gélida, luzidia,
e desses dois com mil lágrimas diáfanas.
Não obstante, diamantes de fogo
teimaram, nesse feitiço, entrar,
tecendo, com desvelo, escassos fios de ouro
que quebram a tundra do meu olhar.
Estrelas de gelo, cometas errantes
perdidos na imensa e larga vastidão
dum Universo paralelo, criado por mim,
ou pelos caprichos do meu coração!
Assim são meus olhos;
como as calotas polares, ninguém irá adivinhar
que pulsa o sangue, explode o magma,
dentro do Vesúvio do meu olhar.