PANTA RHEI
Eu sou e já não sou.
Tu és e já não és.
Diferentes e tão iguais,
diluindo...
Somos fumaças
que se esgarçam
e desaparecem
sob as graças de
não deixar sinais.
A cada hora,
sem demora,
estamos indo
embora...
A idéia que temos,
a emoção que sentimos,
as palavras que dizemos
ou escrevemos,
aqui e agora,
já não são mais.
O tempo as cominui.
Fora e dentro de nós
tudo flui...
E o poema em devenir
a cada segundo
não tem respostas.
Argúi o mundo.
Não é único.
Não tem final.
Não é. Está vindo a ser.
Não cessa de acontecer.
A cada leitura é novo
e cabal.
Transpira sentidos diversos
para a realidade.
Conspira.
Dos seus versos tersos
deflui a mentira
que diz a verdade...
Lina Meirelles
Rio,05.08.10