Contemplação
Contemplação
Como pássaro que voa altaneiro
sem saber para onde ir
seu ninho de ilusões
se esvaíra outros prados
ficando só longínqua saudade;
A natureza bela
Mas sem alegria das almas
torna-se espaço temeroso frio
toda magia desta natureza em êxtase
nos reporta à visão
dos primeiros sonhos que formamos;
Lá longe, contemplo a água em planície:
Ora verde, ora azul, ora brilhante
Tal imenso caldeirão chamejante;
No barulho fervente das ondas cansadas,
das amarguras que carrega
das alegrias que logo passam:
encho-me de fantasia, suaves emoções
purificam o egoísmo revigora o corpo.
Poetizo agruras vida real
Tensões ocultas;
No ideal antigamente aspirado
Procuro as cinzas, do meramente alcançado
Inacabado
Lindos sonhos hoje nada;
Procuro alguma brasa fazer acender
Chama interior
Adormecida.
Vaguei como uma sombra
Pela praia afora
Na solidão que nos faz mais puros
Também narcisistas;
Mesmo insignificante ser;
Sou partícula deste imenso universo,
Tangível real
Sempre vítima da incerteza
Sinto ímpeto irrefreável
Num extravasamento puro de espírito;
Gritar individualmente: Eu existo!
Gritar outro grito mais forte: as dores do mundo
Fazer ecoar infinito afora, coletivamente!
Meus conflitos voltam a se petrificar
Na impotência imediata
confundem-se no barulho
das ondas deste mar,
de repente, sinto suaves éolos
acariciam as faces
sinto fluidos benéficos de esperança;
um forte anseio de Doação e Liberdade
um forte desejo de amar,
invade-me!
Termino a contemplação
Suspendo os sonhos esvoaçantes
para ter lugar
o choque com o real
do dia a dia trivial.