metamorfose
Oh mil olhos brilhantes
na noite cálida,
qual astros saindo
de órbitas recortadas,
escancaradas luzes,
fogueiras incandescentes,
neste cenário de papelão dos espigões,
na noite da cidade em grande estilo,
qual borralheiras da modernindade
vos transmutais em damas
de dourado paetê
brilhais e sois
resplandescentemente belas...
E como as moças que à noite
esplendorosas nos fascinam,
são simples moças ao raiar do dia,
sois vós também que à noite alucinam,
após o amanhecer, simples janelas.
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"De concreto e vidraças,
de alvenaria e argamassas,
revelam-nos poemas ocultos
pelo corpo das paredes;
e o farto neón dos corredores e recintos
são luminescentes artérias
onde a vida pulsa, frenética,
no gélido abraço
deste sepulcral inverno das ruas...
são crisálidas cotidianas,
aguardando a metamorfose d'aurora"
Jorge Luiz da Silva Alves