É só mais um dia... É só mais uma noite.
Sinto a chuva cair sobre mim
No uivo da noite
Em dias sem jardins
Escuto o silêncio da ausência após a meia noite
Vejo os postes apagados
Vejo as luzes dos televisores em suas casas
Vejo o escuro, a lua se escondendo detrás das pesadas nuvens e sinto coisas que sei que não deveria mais sentir.
E assim finjo não sentir
E finjo seguir para uma estrada que quero seguir.
Sei que sou sincero demais comigo mesmo e que não me mostro para ninguém
Sei que há alguns que acham que sou um enigma apenas por não falar de si mesmo
Mas escrevo
E em palavras tortuosas estou em cada linha que forma uma frase, como passos formam um caminho, sou mais visível do que você, apenas me tornei um pouco mais duro.
Não sou de sonhos, não sou de andar de mãos dadas, não sou mais chegado a abraços e hoje não me importo tanto mais de ficar sozinho.
Creio que ou uma hora basta ou se acostuma.
Sinto o dia nascendo pelo cheiro que vem da manhã
Cheiro de pós madrugada, de dia de colégio, de repouso depois do sexo, de maratona de filmes, de conversa de antigos amigos regado a vinho e música ruim... De cheiro de ausência e maldita saudade.
Sinto certo incomodo pelo dia, desconforto já manjado
Poucos percebem
Nunca gostei do dia e nem ele de mim
Minhas poucas boas lembranças são sempre a noite por ironia as piores também.
Então finjo que é normal
E sigo como se fosse a montanha certa que escolhi escalar
Sorrio como todos
Rio também
É só mais um dia... É só mais uma noite.