COPLAS & MILONGAS
Fugiu do pago, ainda nova,
se despilchou na saida,
se arranhou qual cabrita
entre morros e cercados,
fez chover,pintou o diabo,
machucou foi machucada
tudo isso por vaidade
prá ser moça de cidade.
Exilada nesta terra,
teve seu rancho tapera
de alegrias e alaridos,
a viola não tocava
nem chimarão provocava
gosto de erva sadia.
Nem pariu a criançada
que Deus escolheu pra ela,
trazendo todos, encerrados,
dentro da sua barriga
pois filho de rapariga
que renega o próprio chão,
corcoveia guacho e chucro
despedaça o coração.
Se lhe encolheram as ancas
e já não é a potranca
que gineteava nas retas,
Se não lhe farejam rastro,
se não lhe concedem pasto,
ou lhe saciam desejos,
não tentem ter pena dela,
amou esta estrada longa,
andarenga, ressentida,
sofrida tal qual - Milonga !
Marilene Garcia/ em Xirua 1984