Quem dera
Cissa de Oliveira
Não sou Adélia, Cecília ou Bruna
nem desconfio dentro de mim
alguma paisagem
dessas, “de entre o meio dia
e duas da tarde”.
Não sou Meireles, Prado ou Lombardi.
Minha casa não alaranjada
tem noites, manhãs e tardes
e eu não me sento à porta,
a tricotar com os meus pares,
qualquer bandeira
de fios muito intrincados.
Antes, sou poeta,
dessas que cortam azuis claros
e todos os meus versos
são para um único poema, inacabado.
Meireles, Lombardi ou Prado,
quem dera!
Só sei ser rio, só,
morno, fortuito e manso,
espelho que beija o sol
para beijar outros cantos.
28/04/04
Cissa de Oliveira