A Casa da Rua do Bongue
A casa da Rua do Bongue
Dona... dona
Ninguém responde.
Bato à porta
Ninguém atende.
Bato mais uma vez o silêncio continua.
De casa... o de casa.
Tudo em vão.
Tem alguém ai?
Insisto.
Tem alguém ai?
Nada de resposta.
Bato palmas por algumas vezes.
O barulho das minhas mãos
não é percebido
Olho através dos vidros das janelas
Observo atentamente.
Não vejo os quartos.
Não vejo a sala.
Paredes e parte do telhado
não existem mais.
Vejo apenas escombros
coberto de hera,
como estivesse sepultando
um passado não muito distante.
Onde estão os meus parentes?
Onde estão aquelas dezenas de gaiolas de passarinhos
que alegravam toda a rua?
Em um momento,
o rosto de cada parente
desfilou em minha mente.
Deu para distinguir
risos...
e até a fala alta de cada um.
Que latumia meu Deus!
Acá, deixa eu falar com cê um negoço
Marca registrada da família itabirana.
Aquilo acalentou a minha alma.
Um sorriso gostoso de saudade
fluiu dos meus lábios
Balancei a cabeça
E continuei subindo a rua do Bongue.
Marconi Ferreira
Publicado no Recanto das Letras em 03/08/2010
Código do texto: T2415538