Tênue coração
Meu coração pulsa doidamente,
febrilmente, ávido de emoção,
como uma criança a correr pela casa,
como o vento que uiva e corta qual uma navalha,
como se fosse uma sina, uma maldição!
Grande sonhador sem rumo certo,
com asas do tamanho do firmamento,
ainda voas pelos mais fascinantes lugares e desertos;
tuas asas não excedem teu sofrimento!
Encontra-se imerso na rubra inquietude,
que se transmite pelo meu olhar, o meu coração!
Uma doce fome pelos sentimentos da vida,
marcada pelo compasso instável de sua alegre pulsação!
Chamam-te tênue porque perdoas a teus inimigos,
não importando quantas vezes ousem te despedaçar!
Sorris calorosamente a desconhecidos,
não pensando que podes vir a agonizar.
Não chamo-te tênue; chamo-te forte,
como é forte um corajoso leão,
pois bravamente suportas o teu tormento,
pois ainda lutas, meu caro coração!
Não te tenho piedade; a misericórdia
é para os que, vencidos, se encontram desesperados;
ainda lutas, embora ensangüentado,
pelo mesmo mundo de que de ti riu!
És nobre e conserva essa nobreza,
como da prata há a eterna pureza,
às vezes alegre, às vezes triste!
És nobre, purpúreo, mas não te rebaixes nem curves
ao mundo que te acusa e que a ti ruge,
que te acusa injustamente com o dedo em riste!