Novos Olhos
Ando vagamente pelas ruas,
Com meus pés vazios, peço esmolas...
A fome ataca já me acostumei,
Quantas vezes contra ela já lutei...
Perdi a mulher que me pariu
Com 7 anos, não me faz muita falta,
No meio das antigas noites, dormia
E sem nem olhar pra trás ela fugia
Cresci e nunca recebi carinho,
Fugi de casa, não agüentava mas,
Fico surpresa com as pessoas
Que passam em meu caminho...
Mães e filhas vem passando,
Não entendo estão gritando e brigando?
Por que não estão se abraçando,
Dando carinho ou simplesmente dizendo: Eu te amo?
Peço esmola, elas nem olham, falo obrigada e
Continuo sem rumo esperando e andando...
Pessoas passam e só fazem reclamar,
Reclamar da comida que não ta boa,
Do tênis que está ruim,
Que não agüenta mas a nova patroa
Queria ter o porque de reclamar,
Queria ter uma comida pra saborear,
Queria ter um tênis pra calçar
E uma patroa para agüentar
Emprego? Quem vai querer uma
Menina de rua? Ler e escrever,
Não sei admito, tudo que resta fazer
É apenas meu corpo vender
Não quero me humilhar
Vendo alguém que está à me violentar
Mas o que posso fazer? Esperar?
E deixar a fome me tomar,
Até que ela possa me matar?
Mas é assim dias e noites sem fim,
Pedindo, correndo, fugindo e dormindo,
Carinho? Quem sabe posso ganhar,
De uma pessoa humilde que resolver me cuidar...