Cronologia de um Reino Perdido
De um lado ao outro no escuro pesado
O reflexo brilhante como um raio prateado
Do pêndulo num ciclo de tempo fechado
No curso obcesso perdido no espaço.
E na janela como em túnel a espiral
Abarca o movimento e o pensamento num total
Em viagem sem retorno por um vale sem igual
Onde travam luta insana o pseudo-bem e o dito mal.
Quer se diga que só um apanhado é tudo
Quer se diga que as classes erguem muros
O homem nada sabe de relevante sobre o mundo
Enquanto limitar-se a si mesmo até o fundo.
E o rastejar que é o tempo em decomposição
Que engatinha levando o homem ainda pela mão
Mostrando a insignificância de suas ações sobre o chão
Enquanto o céu de sabedoria é ainda menos que ancião.
Há também o artificial que prolonga o falso de sua vida
Que dobra o seu tempo dominado por fadiga
E vai esvaziando o que de pouco restava ainda
Da alma embriagada na dor da vã partida.
Tão tolo e frágil o homem tenta se despedir
No amanhecer ainda escuro que o sol vem recobrir
E ao se pôr de sarcasmo parte-se de rir
Por ser ainda o rei do que o homem quis dirigir.