Sentidos...

Os ditos... As moles resvaladas nas palavras... O dizer, sem dizer, mas que encontra o feito. Efeito.
Sentidos são as artimanhas do medo...
Sentada à beira da estrada, apenas olho o que dizem, mais nada.
Sou vento forte... Passos rápidos e voltas em finas folhas.
As palavras mais secretas são escancaradas por um sorriso falho... Pelas engolidas na saliva... Pelos recortes bambos que só eu escuto.
Sentidos são manhas... Mexem com o ego... Mentem ao colher o doce alento.
Piso sem muita demora... Preciso de Verdade a toda hora...
Quais são as verdades?... As multifacetadas vias?...
Passo pelo vocabulário da face... Das meias-verdades. Corro pelo risco das frases-metades. Junto cada enlace das engolidas tramas. Um coeso texto, feito nas coxas.
Mergulho em mim, a cada choque grave... Conselheiras são as veias... Ferventes e seguidoras de um fio.
Olhei, em páginas amareladas, o que continua sempre a romper com as palavras... Os ditos velhos... Antigos feitos  soprados.
Por que isso certificaria o dito? Por que eu mudaria o rumo?... Várias faces... Vários recursos de mentir... E o ser humano anda podre... E nem sente mais o cheiro de si.
Os sentidos são fagulhas que rompem com chamas mais densas...
Sinto tanto?... Sinto muito?... Sinto tantas vezes a mesma coisa...

O trem já passou... Hora de ir!

10:07