CONFLITO
Escutas o clamor nos céus?
Sentes o furor dos oceanos?
Sou eu te perguntando
Sob teus pés a terra tremeu?
Tem o sol mais fogo que d’antes?
A lua se banha nua nas águas próximas
E em lagos distantes?
Rugem famintos na selva os leões?
Acendem loucuras no firmamento os trovões?
Ardem os teus olhos velas flamejantes?
Rasga-se o teu peito sob a mão que o acaricia?
Sou eu em forma de poesia
Desesperado corre um corcel em tua pele
E sobre os lábios teus um beijo mora eternamente?
Há dois braços de amor enlaçados ao teu corpo
Firme e indefinidamente?
Esses braços de sede são os meus, infelizmente
Quero saber se mãos acariciam teus cabelos
Como se fossem náufragos na torrente
E se há um desfalecer de saudade
E um querer que debalde
Ao teu lado caminha tristemente?
Ainda me diga se, pelo menos, o que te digo vês ou sentes
Pois eu te imploro, não vejas e não sintas
Pois não quero que aconteça o que o meu coração diz
E meu cérebro não consente