O Presidiário
A minha frente grades enormes
Ao sul cortinas de tijolos queimados
A luz em conta-gotas invade pela fresta
Sem nenhuma alegria o sol, penetra.
Neste submundo imundo onde vivo
Sonhos de liberdade invento
Intenção minha passar rápido o tempo
E a dor da tristeza do isolamento.
Nas paredes sujas rabiscadas
Uma mensagem de amor me acalenta...
Que injustiça essa justiça
Lacra-me e o criminoso inocenta.
Meus pensamentos navegam distantes
Na incerteza de um dia poder provar:
Sou inocente, sob tortura confessei.
Esperança no resultado do DNA.
Neste cárcere a traçar planos inatingíveis
Embalando a agonia de minha sina
Nada acontece, tudo se cala
Sentença longa me alucina.
Solidão que me consome o coração
Sem minha família, longo deserto
Tudo tão longe, mesmo tão perto.
Desmembrado rejeito a própria vida.
Nesta desilusão infinita
Sem luz e sem luar
Viver pra quê? Para quem?
Digo adeus, vou para o além.
Juraci
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