(II)

Toca-me devagar, parada mesmo

como um nada em surpresa constante,

roleta russa inventada, palavras caladas

no profundo gemido nesta noite fria de outono.

Canta-me a canção de embalar batendo palmas,

deitada a meu lado desde o sempre

acariciando este cabelo ralo

de criança adormecendo devagar.

Reinventa-me assim em pensamentos nossos

ao som de tambores desta selva virgem inexplorada,

deuses longínquos em frenesim crescente,

nascimento do novo ser desencantado.

Quero-me loucamente no teu ventre

abrindo os braços, mãos fechadas

no sossego dos medos,

tocando-te levemente, esse conhecido sorriso,

sentido na alegria de teu corpo.