Mundo Cão
Quando soube do mundo vão
Quando vi o mundo cão
Como um tapa sem mão
Cortando todo o coração
Sem nem ter pena do anão
Quedei-me ao chão.
Entreguei-me de grão em grão
Isolei-me num alçapão
Sem direito ao perdão
Dos anjos, dos santos, do capelão.
Querendo todo bem ao meu irmão
Fiz, calado, uma oração,
Que há muito não via razão
Tão pouco mantinha devoção.
Certo da enorme corrupção
Desejo renascer sem culpa, sem participação
Conservando minha compaixão
Entregando-me com emoção
Buscando ser deveras são
Preservando a contemplação
Do sol, da lua, da constelação
Dos pássaros, dos peixes, do leão
Encontrar a redenção
Que não achei no mundo cão.