Alvo-Branco-Alvo

A folha em branco me apavora.

E como a Esfinge,

a falta de verbo me devora.

E há tanto sentir nessa hora,

há tanta angústia nessa demora.

A fumaça do cigarro pouco se dissipa.

É arapuca de ripa.

O topor da Morfina não se instala.

Aperta-me essa sala.

O corredor foi branco outrora,

era virgem de dor e amargor.

O homem que soluça não tem cor,

como o corredor de agora.

O que se faz da vida lá fora?

Namoram a essa hora?

Riem, comem, festejam?

O olhar da mulher só lacrimeja.

E tudo gira nesse caleidoscópio

extensão desse estetoscópio.