AMOR POÉTICO

Amor poético

Seiva bruta d’alma

Moral

Amoral

Antiético

Não sei

Talvez frenético

Escorre líquido nos versos

Tal tinta na página branca

Desenhando figuras do sentimento

Ainda disformes, ora borradas

Nos ditames da imaginação

Ora nos anseios mais profundos

Conflituosas tramas d'alma e mente

Absorvidas, diluídas no poema

Tomam corpo, ganham coração

De inspiração, encharcado

No exercício do poeta

Amor poético mortal

De um vulto no umbral

Ligado ao sobrenatural

Visceral, derramando sedução

Amor poético

Será um mal

Quem saberá

Só se sabe no final

E quando ele começa

É sem dar sinal

Por outro coração captado

Sequestrado, cativo

Fundem-se os dois em paixão

Quando se vê

Quando se nota

Verso com verso

Conversa remota

De eras estranhas

Paisagens

Corpos se dando

Um ao outro nas entranhas

Evocados os sentidos

A poesia tornou-se musa

Nos ditames da imaginação

De possuí-la inteira, em fogo

Amor poético quer morrer

Porque é bem maior

Que o ser e o não-ser

Futuro imprevisível

Vir-a-ser

Ardem em chamas, duas almas

Amor de loucura

Insanidade e tortura

Amor poético

É o que mais dura

Pois não se sabe de qual linha

Em que tecido celestial

Se costura

Amor poético

Nele crê

Até o cético

Amar do amor esta modalidade

É beber na taça

Fagulhas do amor poético

Da embriaguez dos sentidos

É rasgar a alma

Pensando-se amantes escondidos

Amor poético é bênção divina

Que faz esta poeta

Ver poesia por toda parte

Mesmo que para fazer poemas

Falte-lhe engenho e arte

NOTA EXPLICATIVA

Nasceu esse poema, após a uma apreciação da poeta sergipana, Tânia Meneses, ao meu poema intitulado, MUSAS – AMORES ARREBATADORES, publicado em 11/06/2010, neste site, relativo aos grandes amores que se eternizaram na literatura.

Sobre o tema em questão, pensamos, inicialmente, eu e a poeta Tânia, a criação independente de um poema versando sobre a mesma temática. Essas composições atenderiam ao objetivo de desenvolver um exercício poético no qual nós duas nos juntaríamos.

Os poemas aconteceram e foram, então, seus versos diluídos em uma só composição poética que entregamos agora aos nossos leitores.

Desejaríamos até que esses leitores tentassem de alguma maneira descobrir onde está Tânia Meneses e onde está Celêdian Assis neste coquetel de poesia com o qual brindamos aos nossos queridos colegas.

Celêdian Assis
Enviado por Celêdian Assis em 30/07/2010
Reeditado em 30/07/2010
Código do texto: T2408442
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